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O machismo de cada dia

Élio Gasda SJ

A violência de gênero é angustiante! As agressões estão ocorrendo cada vez mais cedo. 25% das mulheres de 15 a 24 anos, já foram vítimas da violência. Uma em cada três! (OPAS/OMS, 9 de mar/2021). Chocante! Mas os dados não incluem a situação agravada pelo coronavírus. Somente com fortes medidas proativas será possível combater essa “pandemia paralela” que é a violência contra a mulher.

A população feminina não é prioridade para o governo Bolsonaro. Nos últimos 30 meses, os Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e o Ministério da Saúde deixou de gastar R$376,4 milhões de 1,1 bilhão disponível para ações em favor das mulheres (AzMina, 16 ago.,2021). A maior parte dos recursos seria para equipar e construir Casas da Mulher Brasileira, locais de acolhimento, apoio e acesso à justiça para vítimas de violência doméstica. A verba provavelmente pode estar abastecendo ações questionáveis do governo.

O governo que, na semana passada, ao sancionar a criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, vetou o artigo que institui a oferta gratuita de absorventes higiênicos femininos e outros cuidados básicos de saúde menstrual. As beneficiárias seriam estudantes de baixa renda da rede pública de ensino; mulheres em situação de rua ou vulnerabilidade social extrema; mulheres em unidades do sistema penal; mulheres internadas para cumprimento de medida socioeducativa.

A estupidez de Bolsonaro trouxe para o debate o problema da pobreza menstrual vivenciada por milhões de meninas e mulheres. No Brasil, 25% das jovens entre 12 e 19 anos deixam de ir à escola por falta de absorventes. 1,5 milhão delas vivem sem banheiro em casa (Livre para menstruar, 2021). Mais uma falta de políticas pública, violência e desrespeito às mulheres.

O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de países que mais matam mulheres no mundo. Foram 1.350 casos de feminicídio em 2020 (Fórum Brasileiro de Segurança Pública). Bolsonaro minimiza a violência contra as mulheres durante a pandemia: “Tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”.
Os pedidos de medidas protetivas cresceram 14% no primeiro semestre de 2021 comparado ao mesmo período de 2020. São 45 pedidos por hora! Medidas insuficientes. 51% das mulheres vítimas de violência foram mortas por arma de fogo, nos últimos 20 anos. Entretanto, a obsessão de Bolsonaro é armar a sociedade.

Nos últimos 12 meses, uma em cada quatro mulheres acima de 16 sofreu algum tipo de violência ou agressão (física, psicológica, sexual). São 17 milhões de brasileiras. A própria casa é o espaço mais perigoso para mulher. 72% dos autores das violências são cônjuges/companheiros/namorados, e ainda o pai/mãe, padrasto/madrasta e filhos (relatório Visível e invisível, 2021).

Das 60.183 denúncias de violação contra crianças e adolescentes em 2020, feitas através dos canais Disque 100 e Ligue 180, 5.679 foram de estupro contra crianças e adolescentes até 14 anos. Um caso recente coloca em evidência a fragilidade das meninas: um estudante de medicina que violentava as irmãs de 3 e 9 anos e ainda duas primas, uma delas com 13 anos. Impera a impunidade escandalosa. O empresário André Camargo Aranha, acusado de estuprar Marina Ferrer, foi absolvido pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

É fundamental destruir o machismo gerador de tanta violência. Toda e qualquer conduta abusiva e desrespeitosa, física ou psicológica, que atinja a dignidade da mulher, deve ser denunciada imediatamente. Basta de alimentar a cultura machista patriarcal.

“Qualquer que seja a liberdade pela qual lutamos, deve ser uma liberdade baseada na igualdade” (Judith Butler). Então, que relações de igualdade comecem a ser praticadas dentro de casa. Por isso, sempre tome partido. Sua neutralidade ajuda o agressor e encoraja os violentos, nunca a mulher. O machismo é um mal. Precisa ser combatido sempre.

O feminismo nunca matou ninguém. O machismo mata todos os dias. A luta dos movimentos feministas é fundamental para salvar vidas. Milhares de mulheres não conseguem respirar porque estão sufocadas pelo machismo.
Em Cristo Jesus, nascido de mulher, a igualdade com que o homem e a mulher foram criados (cf. Gen 1,27) se faz possível, já que “não há homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gal 3, 26-29). Que cresça a consciência da igual dignidade entre mulher e homem. Isto supõe aprofundar o papel da mulher na sociedade e na Igreja.

“Somos todos/todas feministas, porque feminismo é outra palavra para a igualdade” (Malala Yousafzai).

Élio Gasda SJ é professor e pesquisador no departamento de Teologia da FAJE

Artigo publicado originalmente em https://domtotal.com/noticia/1544858/2021/10/o-machismo-de-cada-dia/

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