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“Sou vida que quer viver em meio à vida que quer viver” (Albert Schweitzer)

Élio Gasda, SJ

Meio Ambiente! Esse é o tema mais tratado pelas Campanhas da Fraternidade. Em 2025 é a oitava vez.  Contudo, a maioria dos cristãos permanece indiferente às evidências dos muitos alertas emitidos sobre as mudanças climáticas, a extinção acelerada da biodiversidade e a poluição urbana químico-industrial. Avanço das mega secas, desertificação, ondas de calor, inundações, queimadas, rios secando… é o novo normal?

Estamos bem encrencados. O mundo “está desmoronando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura” (Laudate Deum, 2). Às vésperas da COP 30 e, 32 anos após a ECO-92, o cenário mostra-se mais crítico. Fatores interconectados ameaçam o futuro da espécie humana: mudança climática, poluição, perda de biodiversidade.

Ultrapassamos sete dos oito limites de estabilidade que determinam o quanto a Terra pode suportar danos e fornecer condições para a vida: integridade funcional, ecossistema, clima, nitrogênio, fósforo, fluxo de água da superfície, águas subterrâneas, poluição. A última década foi a mais quente já registrada (Organização Meteorológica Mundial).  Em 2024, o clima extremo interrompeu aulas de mais de 250 milhões de crianças. No Brasil os incêndios destruíram uma área maior que a Itália.

O sistema climático continuará a se aquecer, eventos meteorológicos extremos se intensificarão, o degelo das calotas polares da Antártica e Groenlândia apresentam um derretimento seis vezes mais intenso do que na década de 1990 (perderam mais de 500 bilhões de toneladas por ano desde 2000) e a degradação da biosfera tem sinais de irreversibilidade. Até 2050 os oceanos terão mais plásticos que peixes. Milhares de espécies estão condenadas à extinção.

No início do ano, a Bulletin of the Atomic Scientists (organização fundada em 1945 por Albert Einstein e Robert Oppenheimer) ajustou o Relógio do fim do mundo para 89 segundos antes da meia-noite pelos seguintes fatores: ameaça nuclear (investimentos astronômicos de EUA, China, Rússia e Reino Unido em arsenais nucleares), mudança climática; uso indevido de avanços em biotecnologia; tecnologias digitais como IA utilizados para desinformação e também para a guerra.

O conceito de ecocídio está em processo de incorporação ao Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional, para se tipificar como crime qualquer ato ilícito ou arbitrário cometido com consciência de que existe probabilidade, que tal ato, cause danos graves que sejam extensos ou duradouros ao meio ambiente.

Estamos no âmago de um ponto de mutação. O historiador Luiz Marques faz um alerta: 2020-2030 é o Decênio decisivo (Editora Elefante, 2023). Crises não são fáceis de compreender. Mas, de que maneira a espécie humana se encaixa dentro da teia da vida? O conceito de Antropoceno (Paul Crutzen) é um ponto de partida: o tempo geológico e da biosfera foi transformado de modo determinante pela atividade humana.

Seria o homo sapiens a causa da emergência climática? É legítimo responsabilizar toda a espécie humana pela crise? Não seria mais adequado identificar um setor da sociedade, uma atividade, uma classe social? Não seria o modelo de organização socioeconômica que irrompe na modernidade que impõe um padrão de violência sobre a natureza em que o lucro é buscado a qualquer custo? O capitalismo é uma maneira de organizar a natureza e integrá-la ao sistema de produção. A natureza foi reduzida a uma mercadoria barata. Em um sistema em que a acumulação material se dá através da destruição, Capitaloceno (Justin McBrien) talvez seja o conceito mais adequado.

Em que medida o indivíduo está disposto a resistir à colonização das necessidades fabricadas socialmente? O que despertaria as consciências? Somente os grandes desastres? Há um vazio de esperança que alimenta a inação? Ou seria a naturalização da estupidez? Seremos capazes de agir com a radicalidade requerida para reverter o que ainda pode ser revertido ou mitigar o que pode ser mitigado? Seremos capazes de construir um projeto civilizatório alicerçado na fraternidade e no cuidado da casa comum? Em uma palavra: Seremos capazes de romper com capitalismo antropocêntrico?

Na certeza de que “a esperança não decepciona” (Rom 5,5), a Campanha da Fraternidade é um chamado à radicalidade da ação política. Se não alterarmos a trajetória, teremos um futuro no qual os impactos serão cada vez maiores tornando nossas possibilidades de adaptação cada vez menores. É uma corrida contra o tempo. Não basta parar de destruir o que resta da natureza, mas de se empenhar em reconstruir o que foi destruído. Isso ainda é possível? Trata-se de uma verdadeira conversão integral. É justamente o que nos pede o tempo litúrgico da Quaresma.

Esperança ou capitulação? “Coloco esperança no improvável” (Edgar Morin): um futuro em que a espécie humana viva em harmonia com a natureza. A vida é o dinamismo sagrado que pulsa em toda a natureza. Toda vida quer viver.

Élio Gasda, SJ é professor e pesquisador no departamento de Teologia da FAJE

Foto: Shutterstock

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