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Bento XVI: “Tudo se desmorona se falta a verdade”

Élio Gasda, SJ

O Papa mais longevo da história da Igreja renunciou em 2013 alegando “incapacidade de administrar bem o ministério”. Como bispo emérito da Diocese de Roma, viveu seus últimos dias em um mosteiro, onde faleceu em 31 de dezembro de 2022. O último pontífice a renunciar foi Gregório XII, em 1415.

Para Bento XVI, “no mundo atual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem”; por isso seu lema: Colaborador da Verdade.

Suas publicações alcançam 600 títulos. Foram três encíclicas: Deus Caritas EstSpe salvi e Caritas in Veritate (CV), sua encíclica social sobre o “desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade”, publicada em 2009, com dois anos de atraso, devido à crise econômica que explodiu em 2007. Essa crise, que foi a mais grave desde 1929, começou nos Estados Unidos e se alastrou pelo mundo, derrubou governos, gerou elevadas taxas de desemprego, aumento dos preços e a fome em todo planeta.

“A fome ceifa a vida de muitíssimos Lázaros impedidos de sentar-se à mesa… do rico epulão” (CV 27). A reforma agrária, o acesso à alimentação e à água como direitos universais de todos os seres humanos sem distinção ou discriminações são urgências (CV 27). Em pleno século XXI, “dar de comer aos famintos é um imperativo ético de Jesus. Eliminar a fome tornou-se um objetivo para paz e a vida na terra” (CV 27).

Caritas in Veritate, dividida em sete capítulos e conclusão, recebeu muitas reações. Esquerdista! Socialista! Bradaram os capitalistas neoliberais. Será que realmente leram o texto de quase 130 páginas, contendo 159 notas, escrito em latim por um teólogo alemão?

Ratzinger reserva o primeiro capítulo da CV à releitura da Populorum Progressio (PP) de Paulo VI. Escrita em 1967, é uma profunda reflexão sobre o desenvolvimento humano. “Desenvolvimento não se reduz a simples crescimento econômico. O desenvolvimento somente é moral quando promove a todas as pessoas” (PP 14). Para que os seres humanos possam ser cada vez mais humanos é preciso passar de “condições de vida menos humanas a condições de vida mais humanas” (PP 20).

Como teólogo, Bento XVI foi ao essencial da fé: “A experiência de Deus leva a reconhecer no outro a imagem divina e a viver um amor que se torna cuidado do outro e pelo outro” (CV 11). “Amor eterno e Verdade absoluta – constituem “a principal força propulsora para o autêntico desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade” (CV 1). Esta vinculação desautoriza o assistencialismo descomprometido que não transforma a realidade (CV 4). A Caridade informada pela Verdade será sempre libertadora (CV 5).

A Verdade tem seu maior inimigo na mentira. Se verdade é o caminho da vida, a mentira leva à morte. O principal confronto de Jesus é com a mentira que mata (Jo 8,44-45). Matar a verdade leva a matar seres humanos (Jo 19,5). É preciso denunciar as políticas, as ideologias e os sistemas alicerçados na mentira.

A Doutrina Social da Igreja é expressão do amor ao próximo vinculado à Verdade (CV 2). Amor, Verdade e Justiça constituem uma unidade em Deus. A caridade exige a justiça: “O amor – caritas – é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz (CV 1). O amor ganha forma operativa na justiça como critério orientador da ação política que busca o bem comum (CV 6).

Toda a sociedade deve estar fundada no direito e na justiça. A justiça é medida e virtude que deve orientar a vida social e política. Sua concreção em estruturas sociais e estatais é competência da política. Mas cabe aos cristãos contribuir na formação da consciência ética fundada na justiça (CV 7). Querer o bem comum e trabalhar por ele é uma exigência de justiça e de caridade. Isso implica “valer-se daquele conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil, política e culturalmente a vida social, que deste modo toma a forma de pólis, cidade” (CV 7).

Toda pessoa é chamada a entrar em comunhão fraterna na sociedade civil, na economia e na política (CV 2). Tolerar a injustiça é tolerar o sofrimento humano. O dever moral para com os que sofrem é dever de justiça.

Bento XVI confirma a Igreja como advogada da justiça e defensora dos Lázaros que morrem de fome às portas dos ricos (CV 27). A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica (Bento XVI).

“Em Cristo, a caridade na verdade torna-se o Rosto da sua Pessoa” (CV 1). Dar de comer a quem tem fome é revelar o rosto da Verdade que liberta!

 

Élio Gasda SJ é professor e pesquisador no departamento de Teologia da FAJE

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