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Fraternidade e Educação: agir

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Élio Gasda SJ

Agir! Nunca foi tão importante reconstruir o tecido social. Para enfrentar os desafios de nosso tempo é preciso um novo projeto de vida e de educação. Um projeto que tenha como cerne a pessoa humana. Não há melhor modelo a seguir que a pedagogia de Jesus: escutar, dialogar, discernir e agir.
Um projeto de vida mais humano requer uma educação que proponha para além de uma carreira profissional. É preciso escolher interesses da coletividade, do bem comum e não apenas do mercado.

Educar para a paz! Educar com esperança no ser humano. O Pacto Educativo Global é uma proposta concreta nessa direção. Não basta investir apenas em formação profissional. Todo projeto de vida deve levar em conta a construção de um mundo mais justo e fraterno. O Pacto proposto por Papa Francisco (https://anec.org.br/acao/pacto-educativo-global/) aponta sete compromissos para uma educação humanista:

1. Colocar a pessoa no centro.
2. Ouvir a as gerações mais novas.
3. Promover a mulher.
4. Responsabilizar a família.
5. Se abrir à acolhida.
6. Renovar a economia e a política.
7. Cuidar da casa comum.

A Campanha da Fraternidade de 2022 está inserida neste Pacto Global. Uma educação mais aberta, sem exclusões de nenhum tipo. Uma educação criativa que ajude cada pessoa a oferecer o melhor de si ao próximo e a Deus. Uma educação geradora de uma sociedade em que cada um tenha consciência da sua responsabilidade social, política, cultural, ambiental e econômica.

Cuidar da vida com amor decorre de escolhas bem discernidas. Essas escolhas recebem influências de diversos ambientes. A família aparece como a primeira comunidade educativa que deve influenciar em escolhas acertadas: “dela se propagam os significados de uma educação ao serviço de todo o corpo social, fundada na confiança mútua e na reciprocidade dos deveres” (Documento Educar para Humanismo Solidário, n. 9).
Uma educação para a fraternidade depende da qualidade das relações na comunidade educativa. Não basta a preparação do professor e nem as habilidades do aluno. Também importa a troca de experiências e de saberes entre as partes envolvidas. Novas esperanças são despertadas, são criadas redes de solidariedade, respeito e justiça.

Educar é iniciar processos a partir de pequenas ações concretas em defesa da vida, dos direitos humanos, da paz. Nos humanizamos a partir da dor do outro. O que estamos fazendo com a vida, a morte e o luto? Que lição aprendemos na pandemia e com tantas tragédias? Nada aprendemos com as guerras e com a violência? Na família, na mídia, nas redes sociais, na Igreja: repensamos nossa ação como cristãos?

Educação exige ação. A proposta de Dom Bosco, proclamado “mestre da educação da juventude”, se resume a “bons cristãos e honestos cidadãos”. A educação cristã deveria contribuir na formação de pessoas que buscam viver o ensinamento de Jesus na sociedade. Sem hipocrisia.

Propor um agir na educação formal supõe dedicar um cuidado especial com os professores que atuam em todos os níveis, da creche à universidade. Os professores deveriam ser os primeiros a serem ouvidos quando o assunto é educação. Todas as demais profissões dependem de bons professores.

Cultura da educação e cultura do encontro são inseparáveis. É hora de professores, alunos, pais, pesquisadores, pedagogos, instituições educacionais públicas e privadas cultivarem o encontro para gerar uma cultura da educação.

As comunidades paroquiais estão desafiadas a um maior comprometimento com a realidade da educação. Por que não promover estudos a partir do Pacto Educativo Global? Sua diocese, paróquia, ou região pastoral tem algum representante nos Conselhos Municipais e Estaduais de Educação?

A cultura é um espaço privilegiado para a educação: identificar e apoiar as (muitas) expressões artísticas locais presentes na cidade, nos bairros, vilas e escolas.

A criação de uma Pastoral da Educação com serviços de apoio à educação, promovendo ações de integração das pessoas com deficiências: pastoral dos surdos, dos cegos, PASPED (Pastoral da pessoa com deficiência).

Na internet, uma iniciativa interessante pode ser a criação de portal sobre a educação, com artigos, banco de dados, salas de bate-papo, links, divulgação de bons livros, educação ambiental etc.

O grande desafio desta Campanha da Fraternidade para as Igrejas e para toda a sociedade é assumir a escola como território de missão, dar passos mais consistentes na erradicação do analfabetismo.

Organizar Escolas de Fé e Cidadania. Perguntas simples podem iniciar grandes projetos: como está o acesso à educação na sua comunidade? Os problemas estão sendo detectados? Quais são os pontos fortes e as carências das escolas do bairro? Existe algum tipo de participação efetiva da sua comunidade na gestão das escolas?

Todo cristão é um aliado de primeira hora da educação.
“Educação é um ato de amor” (Paulo Freire).

Élio Gasda SJ é professor e pesquisador no departamento de Teologia da FAJE

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