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Rezar as experiências de sofrimento

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Elton Vitoriano Ribeiro, SJ

Você já rezou suas próprias experiências de dor e sofrimento, de doenças e debilidades? Você já rezou junto com um doente num momento de dor e sofrimento? Você já rezou junto com outra pessoa internada num hospital? Você já rezou junto com alguém que recebia o sacramento da unção dos enfermos? Rezar os momentos de sofrimento e doenças, os próprios e os dos outros, pode ser salvífico.

A doença é uma experiência constante na vida do ser humano e das comunidades cristãs. É um momento em que o ser humano é atingido na sua totalidade, momento de profunda e exigente experiência de finitude. Momento que, normalmente, paralisa as capacidades criativas, torna a alegria algo estranho, debilita as forças para as relações com os outros. A doença ameaça a vida, colocando no horizonte do ser humano, de forma mais imediata e contundente a morte.

Mas é preciso recordar que em Jesus Cristo a última palavra de Deus não é a morte, mas sim, a vida e vida em plenitude. Por isso, Jesus tem uma atenção especial para com os enfermos. Tanto que as curas feitas por Jesus são sinais e realizações do próprio Reino de Deus. Por isso mesmo, sinais de libertação. Logo, pertence essencialmente à missão de Jesus e dos seus seguidores o cuidado, o carinho e a atenção para com aqueles que sofrem.

Assim, a unção dos enfermos vem a ser esta oferta e presença da ação gratuita de Deus no momento da dor. Presença que vem mostrar a solidariedade da Igreja para com um membro de sua comunidade que se encontra enfermo. Desta forma, a expressão significativa da unção dos enfermos é a oração da fé acompanhada da unção.

Na unção dos enfermos os gestos, como em todos os sacramentos são importantes. A silenciosa imposição das mãos, sinal de contato, carinho e cura, é também sinal da proximidade da comunidade junto ao enfermo. A oração de intercessão, o pedir em nome de Jesus, conduz o enfermo à presença de Deus, conduz o enfermo a entregar-se nas mãos de Deus e a acolher o que quer que aconteça como dom de Deus. Por fim, a unção com o óleo consagrado simboliza a aplicação da oração ao enfermo. Oração onde a Igreja pede a cura, a consolação, e assegura que a doença se transformará em situação de salvação.

No sacramento da unção dos enfermos está presente a própria solidariedade eclesial com o enfermo. Dessa forma, a unção dos enfermos faz a Igreja e a Igreja faz a unção dos enfermos. Faz a Igreja no momento em que a Igreja se reconhece no enfermo, percebe sua debilidade e limitação, e aceita essa realidade como situação de salvação. Mas também a Igreja faz a unção dos enfermos ao cuidar atenciosamente de cada enfermo.

Eis o sentido mais profundo da unção dos enfermos: ser sinal da presença de Deus numa situação de ameaça fundamental do cristão. Desse modo, a Igreja cumpre sua missão de, no seguimento de Jesus que se dedicou de modo carinhosamente especial aos enfermos, anunciar o evangelho da salvação. Por isso, como disse antes e repito agora, rezar os momentos de sofrimento e doenças, os próprios e os dos outros, é salvífico.

 

Elton Vitoriano Ribeiro, SJ é professor e pesquisador no departamento de Filosofia, e reitor da FAJE

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