Durante a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Prof. Geraldo De Mori, SJ, da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, apresentou o documento de Análise da Conjuntura Eclesial, realizada pelos integrantes do Instituto Nacional de Pastoral P. Alberto Antoniazzi (Inapaz), do qual faz parte. A apresentação foi feita no dia 19 de abril aos bispos reunidos no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, com o título “Ameaças à comunhão eclesial no atual contexto sociopolítico e pastoral”.
A seguir, trechos de matéria publicada pelo Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM):
A análise foi dividida em três partes – diagnóstico (cenário interno e externo), análise e prognóstico. Como um dos pontos do cenário externo, o estudo forneceu a polarização como chave de entendimento. “Contribuiu para isso um ecossistema de comunicação pós-mídias sociais, que reduziu a economia da informação à busca desesperada por cliques.”
Outros aspectos que contribuíram para o cenário externo, segundo o estudo, foram as guerras culturais e as manifestações. «No Brasil, a polarização foi usada pela extrema direita para recuperar a insatisfação das manifestações de 2013». Segundo a análise, as manifestações são expressões do antagonismo entre os governantes e os governados, a classe política e a população, as instituições e os que as representam.
O texto também apontou as matrizes que estão na origem da polarização no Brasil, como o militarismo, o antiintelectualismo, o empresariado, o libertarianismo econômico, o anticomunismo e o combate à corrupção. «O encontro desse conservadorismo traz o individualismo, a punitividade, a valorização da ordem acima da lei; e condições afetivas trazem humilhação em situações de desemprego, subemprego». A análise eclesiástica também apontou que as redes sociais são decisivas e que as mídias digitais facilitam a comunicação rápida, mas também criam bolhas.
Foram destacadas as oportunidades do cenário externo para a missão evangelizadora da Igreja, como o uso de símbolos religiosos e o uso inteligente das tecnologias digitais. E como prognóstico, foram apontadas as dinâmicas eclesiais e pastorais para enfrentar a polarização. O texto sugere, por exemplo, que cabe aos bispos “aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por compreender-se, buscar pontos de contato” .
Outro ponto que se destaca e que precisa ser corrigido pelos bispos, segundo o texto, é a questão da religiosidade popular, principalmente a mariana, que enfatiza a perspectiva da “manifestação”. « É necessário corrigir com o tamanho do anúncio; para isso: formação bíblica ”.
Por fim, a análise também sugeriu a criação de um observatório de mídias digitais, pelas dioceses, para monitorar o que é publicado nas mídias digitais. Além disso, foi sugerido priorizar a formação nos seminários e a continuação do caminho sinodal iniciado em 2021 como caminho de conversação espiritual.